domingo, 5 de setembro de 2010

INTERESSANTE

À espera do tombamento

O bairro paulistano da Mooca pode ter seu sotaque tombado


Para que parte do linguajar com influência italiana não se perca com o tempo, o vereador de São Paulo Juscelino Gadelha (PSDB), que foi do Compresp, apresentou um projeto de lei, no final de 2009, que visa tombar o sotaque da Mooca, fundada em 1556 e palco de colonização italiana no início do século 20.

- O sotaque, fui criado na Mooca (nasceu no Estado de Mato Grosso) e tenho o sotaque até hoje, é uma das identidades de quem mora na Mooca e espalhou-se por toda a cidade. Hoje, o paulistano carrega esse sotaque. Por exemplo, a expressão "ô meu!", "fala belo!" ou mesmo "me dá dois pastel e um chopps". Certamente, esse linguajar não desaparecerá pois a quarta geração dos descendentes de italianos ainda carrega muito no sotaque, mas o processo de verticalização do bairro trouxe pessoas de outros locais e representa uma ameaça direta à identidade local, não só do ponto de vista urbanístico, mas também toda uma vertente da memória histórica da Mooca, em especial o sotaque - analisa Gadelha que, em 2007, já havia solicitado o tombamento da Festa de San Gennaro, tradicional no bairro.

Caso o projeto seja aprovado, o sotaque será preservado em gravações e transcrições e esse será o primeiro bem imaterial tombado na cidade. Há atualmente 15 no país, como acarajé, capoeira, Festa do Divino Espírito Santo de Goiás, frevo de Olinda e a voz do intérprete da escola de samba Mangueira, Jamelão.

- O cotidiano do paulistano antigo morador da Mooca foi muito bem ilustrado e imortalizado na voz de Adoniran Barbosa e dos Demônios da Garoa. Porém, é visitar o tradicional bairro, basta adentrar em estabelecimentos comerciais mais antigos ou pedir uma informação na rua, que o sotaque aparece naturalmente e você percebe aquela fala cantada - finaliza Gadelha.

fonte:UOL Lingua Portuguesa

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Texto Paidégua

Há tempos estou procurando um texto que guardasse o modo peculiar do paraense se expressar, que trouxesse suas gírias e sua cultura, então recebi hoje esse que segue abaixo, (desconheço a autoria) da amiga Maria do Rocio. Fiz-lhe uns pequenos, micro ajustes, e acho que atende ao que  nos propomos aqui neste Blog: apresentar os linguajares brasileiro, alguuns quase dialeto. Ao final um glossário dos termos empregados no texto. Franz

Um dia eu tava buiado, pensei em ir lá em baixo comprar uns tamatás. Tava numa murrinha, mas criei coragem, peguei o sacrabala e fui. Chequei tarde só tinha peixe dispré. O maninho que estava vendendo tinha uma teba de orelha do tamanho dum bonde. O gala-seca espirrou em cima do tamatá do moço que tinha acabado de comprar, e no meu tembéim. Ficou tudo cheio de bustela... Axiiiiiii, porcaria! Não é potoca, não.

O dono do tamatá muquiou a orelha-de-nós-todos, mas malinou mesmo. Saí dalí e fui comer uma unha. Escolhi uma porruda! Égua, quase levei o farelo depois. Me deu um piriri. Também...perece leso, comprar unha no veropa. Comprei uns mexilhões, um cupu e um pirarucu, munto fiiiiiirme, mas um pouco pitiú.

Fui pra parada esperar o busão. Lá tinha duas pipira varejeira fazendo graça pro meu lado. Fiquei cheio de pavulagem, pensando com meus botões...ÊEEEE, ela já quer... Mas, veio um Paar-Ceasa sequinho e elas  entraram... Fiquei na roça, levei o farelo.

O sacrabala veio cheio e ainda começou a cair um toró, égua-muleke-tédoidé, pense num bonde lotado. Eu disse: éguaaaaaaaa, voimbora logo.

No sacrabala lotado, com o vidro fechado por causa da chuva, começa  aquele calor muito palha. Uma velha estava quase despombalecendo. Daí o velho que tava com ela gritava arreda aí menino pra senhora sentar aí do teu lado. O menino falou: Hmm, tá, cheiroso.
.

GLOSSÁRIO

Axiiiiiii = expressão de nojo
Buiado = cheio de dinheiro
Bustela = meleca
Cupu (cupuaçu) = fruta regional
Despombalecendo = desmaiando
Dispré(despreparado)= ruim
Égua = expressão paraense para qualquer coisa excepcional
Gala-secapateta
Lá em baixo = o Centro/Belém
Levar farelo = se deu mal
Leso = tonto
Muquiou (v. moquear=assar na brasa) = + ou - esquentar
Malinou (v. malinar) = fez maldade
Munto fiiiiiirme = muito legal
Murrinha =preguiça
Na roça = mal
Pavulagem = cheio de si, metido
Paar-Ceasa sequinho = ônibus vazio
palha = ruim
pitiú (piti-ú) = mau cheiro (geralmente de peixe)
Piriri = caganeira
Potoca = mentira
Porruda = muito grande
Sacrabala = ônibus Sacramenta-Nazaré
Tamatás (tamuatá) = tipo de peixe cascudo
Tá, cheiroso = expressão de desdém ou pouco caso
Teba = grande
...-tédoidé = tu é doido é?
Unha (de caranguejo) = tipo de salgado semelhante a coxinha de galinha
Veropa = mercado do Ver-O-Peso
Pipira (tipo de passarinho) varejeira (tipo de mosca) fazendo graça (se exibindo) = menina assanhada/piranha

domingo, 8 de agosto de 2010

De renguear cusco!

    cusco (Este cusco, com certeza, não rengueia! Está pilchado para qualquer geada!)

(Imagem daqui!)

     Nestas paragens brasileiras, temos vivido dias de inverno rigoroso.

     Tá um frio de renguear cusco! Como gostamos de dizer.

     Sobre essa expressão trago fragmentos do texto (para ler o texto na íntegra tem que se cadastrar!) do jornalista Luiz Antônio Araújo, publicado no jornal Zero Hora, do dia 24 de julho de 2010:

(…) Quem consultar o bom Google – ia escrevendo “o velho e bom Google”, mas me dou conta de que, aos 12 anos, ele ainda não merece o primeiro adjetivo – descobrirá que, em linguajar gauchesco, “cusco” é cachorro pequeno e “renguear” é mancar. Quanto à expressão “frio de renguear cusco”, aparece traduzida como “frio que faz um cachorro tremer e mancar”.

     Em seguida, o esclarecimento científico:

Ligo para o Hospital Veterinário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O vice-diretor, Carlos Afonso Beck, explica:
– Alpinistas às vezes sofrem perda de orelhas ou de dedos sob temperaturas de dois dígitos abaixo de zero. Isso se deve à vasoconstrição (estreitamento dos vasos sanguíneos em razão do frio). Animais também podem ser vítimas desse fenômeno. Um cachorro pode, por exemplo, mancar depois de passar uma noite gelada num galpão ou ao relento.

     Para driblar o frio, nos resta o mate*!

******************************************************************************

     Em tempo: nunca vi um cusco rengueando por causa do frio! :(

     *Parece que, na metade sul do estado, usamos mais a palavra mate no lugar de chimarrão – influência de los hermanos!

sábado, 7 de agosto de 2010

OUTRO EXEMPLO ENGRAÇADO.....

COMO FALAR DE SAMPA......

sem falar do Adoniran? Impossível!
E como não citar o bairro do Bexiga?Quem conhece Sampa sabe que o coração da cidade é imenso e por ele passa muito sangue italiano. Esses imigrantes que ajudaram a construir a grandiosidade dessa metrópole que eu amo de paixão, que eu admiro, que eu respeito. E o sotaque que foi emprestado aos brasileiros que ali residem e trabalham preparando os mais deliciosos pratos típicos da comida italiana. Quem nunca foi comer uma "bruscheta", um "polpetone", um "gnochi", um "farfalle" servido por um descendente bonachão ao som do "Funiculi funiculá"?

E depois ainda perguntam:
Por que será que o paulistano grita "orra, meu!"

ADONIRAN E A PAULICEIA DESVAIRADA......

Realmente, é impossível falar de sampa sem citar Adoniram e os Demônios da Garoa.O samba do Arnesto.....Saudosa Maloca.....Trem das Onze...Tiro ao Álvaro.......fanático pelo Corinthians escreveu um hino de amor ao time: Coríntia ( meu amor é o timão).
O LINGUAJAR de Adoniran retrata fielmente o linguajar do caipirês paulista.
Veja que "maravilha" de registro é a letra de Saudosa Maloca:
Se o sinhô num tá lembrado
Dá licença de contá
Que aqui onde agora está
Esse edifício arto,
Era uma casa véia, um palacete assobradado
Foi aqui, seu moço, que eu , Mato grosso e o Joca
Construimo nossa maloca
Mais um dia, nóis nem pode se alembrar
Veio os home cas ferramenta,
O dono mandô derrubá
Peguemo todas nossas coisa e fumo pro meio da rua
Apreciá a demolição
Que tristeza que nóis sentia
Cada talba que caía doía no coração
Mato Grosso quis gritá mais em cima eu falei:
Os home tá ca razão nóis arranja outro lugá
Só se conformemo quando o Joca falô
Deus dá o frio conforme o cobertô
E hoje nóis pega paia nas grama do jardim
e pra esquecê nóis cantemos assim:
Saudosa maloca, maloca querida
ddindindonde nóis passemo os dias feliz de nossa vida!
E com vocês, Demônios da Garoa:

terça-feira, 27 de julho de 2010

Arnesto

Adoniran Barbosa foi um poeta paulista, daqueles poetas que fazem músicas.E que soube mostrar como ninguém o falar da classes populares.
No dia 6 agosto, Adoniran completaria 100 anos, e muitas homenagens estão sendo feitas.

E o Linguajares, é claro, não poderia deixar de homenagear aquele que soube colocar em suas músicas o linguajar dos brasileiros.
Com vocês o Samba  do Arnesto:

Samba do Arnesto

Adoniran Barbosa

O Arnesto nos convidou pra um samba, ele mora no Brás
Nós fumos não encontremos ninguém
Nós voltermos com uma baita de uma reiva
Da outra vez nós num vai mais
Nós não semos tatu!
No outro dia encontremo com o Arnesto
Que pediu desculpas mais nós não aceitemos
Isso não se faz, Arnesto, nós não se importa
Mas você devia ter ponhado um recado na porta
Um recado assim ói: "Ói, turma, num deu pra esperá
Aduvido que isso, num faz mar, num tem importância,
Assinado em cruz porque não sei escrever"


sexta-feira, 23 de julho de 2010

O Nordestinês do Alagoano


Alagoano não fica solteiro, ele fica "solto na bagaceira".

Alagoano não vai embora, ele "pega o beco".

Alagoano não diz 'concordo com você', ele diz:  issssso, homi!!!

Alagoano não conserta, ele "imenda".

Alagoano quando se empolga, fica com a "mulesta dos cachorro".

Alagoano não bate, ele 'senta-le' a mão.

Alagoano não bebe um drink, ele "toma uma".

Alagoano não é sortudo, ele é "cagado de sorte".

Alagoano não corre, ele "dá uma carreira".

Alagoano não malha os outros, ele "manga".

Alagoano não conversa, ele "resenha".

Alagoano não toma água com açúcar, ele toma "garapa".

Alagoano não mente, ele engana"."

Alagoano não percebe, ele "dá fé".

Alagoano não sai apressado, ele sai "desembestado".

Alagoano não aperta, ele "arroxa".

Alagoano não dá volta, ele "arrudeia".

Alagoano não espera um minuto, ele espera um "pedacinho".

Alagoano não se irrita, ele se "arreta".

Alagoano não ouve barulho, ele ouve "zuada".

Alagoano não acompanha casal de namorados, ele "segura vela".

Alagoano não quebra algo, ele "tora".

Alagoano não é esperto, ele é "desenrolado".

Alagoano não é rico, ele é um cabra "estribado".

Alagoano não é homem, ele é "macho".

Alagoano não fica satisfeito quando come, ele "enche o bucho".
Alagoano não dá bronca, dá "carão".

Alagoano quando não casa formalmente, ele fica "amigado".

Alagoano não tem diarréia, tem "caganeira".

Alagoano não tem perna fina, ele tem "cambitos".

Alagoano não é mulherengo, ele é "raparigueiro".

Alagoano não joga fora, ele "avoa no mato".

Alagoano não vigia as coisas, ele "fica tucaiando".

Alagoano não se dá mal, "se lasca todinho".

Alagoano quando se espanta não diz: - Xiiii! Ele diz: Viiixi Maria! Aff Maria!

Alagoano não é chato, é "cabuloso".

Alagoano não é cheio de frescura, é cheio de "pantim".

Alagoano não pula, "dá pinote".

Alagoano não briga, "arenga".

Alagoana não fica grávida, fica "buchuda".

Alagoano não fica bravo, fica com a "gota serena".

Alagoano não fica apaixonado, ele "arrêia os pneus".

Alagoano quando liga pra alguém não diz alô,atende e diz logo:- Tais ondi?

Alagoano nâo estoura (balões) ele "poca"
Então povo bonito, que infelizmente não teve a sorte de nascer numa terra linda como a nossa,  espero que possa  aprender um pouco da nossa cultura linguística, que embora possa parecer cômica, traduz claramente a garra e a alegria que essa terra, mesmo tão sofrida, ainda consegue expressar.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Declaração Mineira


Declaração Mineira de Amor aos Amigos


Ocê é o colírio do meu ôiu
É o chiclete garrado na carça dins.
É a maionese do meu pão.
É o cisco no meu ôiu 
(o ôtro oiu - eu tenho dois).
O rechei do meu biscoito.
A masstumate do meu macarrão.

Nossinhora..!
Gósdimais da conta docê, uai.

Ocê é tamém:
O videperfume da pintiadêra.
O dentifriço da iscovdidente.

Óiprocevê,
Quem tem amigo assim, tem um tisôru!

Eu guárdêsse tisouro, com todo carinho ,
Do Lado Esquerdupeito !!!
Dendumeu Coração!!!

AMO Ocê um tantãumm...



Recebi esta contribuição do prof. Serjão do Blog Ritos e Rituais

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Capaz.

    A Vera,  comentando o texto Sobre "enchufe", "papa" e "remolacha", mencionou o uso da expressão “capaz”, muito comum entre @s gaúch@s!!
     E me fez lembrar de dois textos deliciosos produzidos por pessoas que são referências para mim.
     Um, o Dicionário de Porto-Alegrês, do professor Luís Augusto Fischer, em que aparece uma explicação “com encanto e graça” (palavras de Moacyr Scliar para descrever a obra):
CAPAZ Resposta negativa sintética, de alta expressão e de grande uso. Usado, não sei por quê especialmente por mulheres (eu acho). “Tu vai lá?” Responde a moça, entre o espantado com a pergunta e o indignado com a mesma coisa: “Capaz”. E depois, na fala, não tem nem ponta de exclamação, é ponto final mesmo. Deve ter-se originado de uma pergunta de resposta a uma pergunta, no caso  aí de cima, a resposta  da moça , por extenso, seria algo como: “Então tu achas que eu seria capaz de ir lá?”. A estrutura sintática do “capaz” é semelhante a uma manha de linguagem bem mais recente, o “pior”(v.). 
     O outro, a música “Capaz”, de Kleiton & Kledir:
Capaz que o mundo um dia vá se acabar
Capaz que a lua vá deixar de girar
Capaz que até a luz do sol vá sumir
Capaz que exista vida em outro lugar
Marcianos, gente verde, sei lá
Capaz
(Aqui está a letra completa!)

Sobre "enchufe", "papa" e "remolacha"

     Bueno, estou chegando para a prosa!
     Quando me ofereci para participar deste espaço, logo pensei no jeito de falar das gentes do “povo” – como dizia meu pai ao se referir à cidade em oposição ao campo!
     Me lembrei de quando fui morar sozinha, para estudar, aos 17 anos, numa cidade aqui do Rio Grande mesmo, a mais de 600 km de Uruguaiana (é, as distâncias são inquietantes!).
     Eu abria a boca e ouvia:
     - Tu não é daqui, né?!
     Como assim? Logo descobri que as pessoas com quem começava a conviver não entendiam algumas expressões usadas por mim.  Nunca havia pensado na influência do espanhol na minha fala!
     No pensionato:
     - Enchufa pra mim que eu vou passar minha roupa!
     Minha colega só me olhando...
     No mercadinho:
     - Moço, vê pra mim um quilo de papa!
     Ou
     - Preciso de meio quilo de remolacha!
    O balconista sem entender...
     Eu, vinda da fronteira oeste, experimentava a vida numa região de colonização alemã. E começava a perceber que a ponte que nos separava de Paso de los Libres, na Argentina, nos aproximava dos costumes, da cultura, da língua espanhola!
     No início, ficava super envergonhada... tentava, ao máximo, anular meu sotaque fronteiriço...
     Aos poucos, fui assumindo as diferenças e brincando com elas! Uma espécie de código entre @s uruguaianenses fora do pago!
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Enchufar; conectar na tomada elétrica, plugar; “- Prende o ferro de planchar, mas primeiro enchufa na tomada”; por analogia, também se usa como “enrabar” ou sacanear alguém; “- Eu te dizia, tu era o único que acreditava nela... taí, ó, te enchufou...”; enchufada: enrabada; “- Aí, hem, me contaram que te deram a tal enchufada...”;

Enchufe; tomada elétrica; do castelhano; enchufle;
Papa; batata inglesa; papa frita: batatinha frita; papa doce: batata doce, também conhecida como munhata; do castelhano, direto;
Remolacha; beterraba; aliás, em Uruguaiana ninguém fala beterraba, e sim a castelhana remolacha;

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Você fala pedagogês?

Boa noite pessoal!
Bom, tive um probleminha com a minha postagem anterior e acabei tendo que deletá-la. Mas, lendo meus e-mails mais antigos aqui, encontrei um texto de Horacio Rosenthal, na Edição Virtual da Revista Profissão Mestre/Gestão Educacional, ano 08 nº170 de 18/06/2010, muitíssimo interessante e que, mesmo não sendo nem contendo nada de 'goianês', tem tudo a ver com nosso blog aqui.
Então lá vai!

Você fala pedagogês?

"Para se comunicar bem, você tem que usar a linguagem adequada. Várias escolas falam uma língua que usa muitas palavras do português, mas não diz nada para os pais e alunos. É o pedagogês. Leia, por exemplo, as expressões a seguir:
• “O trabalho busca uma relação que não se reduz à integração artificial das disciplinas”
• “A contextualização revitaliza competências cognitivas já adquiridas”
• “A escola utiliza vários instrumentos de verificação da aprendizagem como forma de analisar o nível de conhecimento dos alunos e planejar estratégias de ensino”
Se elas fazem parte do seu vocabulário, então você está precisando urgentemente de um tradutor.
Seria exagero imaginar pais conversando assim para escolher a escola de seus filhos. No entanto, é assim que muitas escolas se comunicam e ficam bravas quando os pais não entendem o que elas falam.
Não é fácil sair dessa situação. A maior parte das escolas que se comunicam mal pensa que se comunica bem. Sem uma mudança de paradigma, essas escolas vão continuar falando pedagogês para si mesmas por um bom tempo, sem considerar o público a quem estão se dirigindo.
Como as escolas acabam criando esta linguagem própria tão peculiar? A receita não é complicada. Misturam sólidos conceitos pedagógicos da direção, juntam uma forte contribuição teórica da coordenação, temperam com um punhado de valores consagrados, e está pronto: é só servir. Com o tempo, todos incorporam naturalmente o jargão da escola ao seu modo de comunicar. O resultado é um discurso hermético que faz sentido para os profissionais da escola, mas que não diz coisa com coisa para os pais e alunos, principalmente para os de fora. Por que de fora? O que faz uma escola crescer são sempre os clientes de fora. O problema de linguagem tem graus variados de seriedade. Se a escola tem um problema de linguagem, mas está em paz com os pais, as coisas não estão tão graves. Se o problema de linguagem está comprometendo a imagem da escola, a situação tende a se complicar. Se o problema de linguagem é agudo no presente e tende a piorar no futuro, aí é mais sério, é hora de fazer alguma coisa. Uma das principais funções dos profissionais de comunicação é justamente, dependendo do contexto, definir o tipo de intervenção a ser feita.
Enquanto isso, entretanto, algumas recomendações gerais podem ser feitas. A primeira delas é dar bastante atenção aos comunicados da escola. O ideal seria que os pais e alunos fossem convidados a avaliá-los, mas isso é impraticável. Sendo assim, se a escola quer ser compreendida e acreditada, a saída é ela mesma fazer a sua própria auditoria e definir critérios para oferecer uma comunicação límpida, espontânea e clara, como alternativa à informação para quem só entende pedagogês. A segunda, é cuidar para que todas as pessoas dos vários setores da escola libertem-se da “camisa de força” do pedagogês e aceitem o novo padrão de comunicação. Daí vem um conjunto de ajustes de bom-senso, que serão aplicados conforme o meio. A escola tem vários meios que recorre para se comunicar com os pais e alunos: carta, circular, folheto, bilhete em agendas, apresentação, mural, jornal interno, boletim eletrônico, site, etc. Utilizar a linguagem adequada é essencial para a boa c omunicação em cada um deles. O refinamento da maneira com que a escola se comunica com os seus diferentes públicos se completa quando se encontra o máximo de simplicidade. É nesse ponto que se alcança a competência da comunicação da escola. É nesse ponto também que a competência da escola se completa."

Texto de Horacio Rosenthal, publicitário, assessor de marketing educacional e autor do blog: www.educa-hr.blogspot.com

Só tenho a desejar um ótimo final de semana a tooooodos vocês!
E, me aguardem que, já estou pensando em algo como 'quimiquês'!
hehehehehe!
Um mol de abraços!
^^!

Nhô Bento: Pra mim quarqué coisinha dá

José Bento de Oliveira - NHÔ BENTO, nasceu no dia 21 de março de 1902 na cidade de São Sebastião no interior do Estado de São Paulo.

Seus poemas estão recheados pelo linguajar caipira de sua época:

.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Lá e cá

"Brasil, Portugal – Lá e Cá" é uma coprodução da TV Cultura e da RTP2 . É uma série de 13 episódios que mostram o Brasil para os portugueses e Portugal para os brasileiros.
Um dos episódios, A Língua, me pareceu interessante para o Linguajares:

Bloco 1:



Bloco 2:



Bloco 3:

quarta-feira, 7 de julho de 2010

terça-feira, 6 de julho de 2010

Mirandês


Sabiam que aqui neste pequeno "jardim à beira-mar" plantado há uma língua que se chama Mirandês?

segunda-feira, 5 de julho de 2010

EU NÃO CONHECIA O USINÊS...

Mas vocês conheciam o djavanês?

OLHA O HINO AÍ!

O FALAR "CAIPIRA" DE SÃO PAULO

É conhecido que o paulista tem um falar bem característico. Mais pras bandas de cá do que de lá.
O R é bem marcado, como no inglês: daí poRta, com influência de "door"! O ditongo "ei" acaba se transformando em "ê", como em "cadêra", ao invés de cadeira. Porém isso já foi bem pior. O paulistano se livrou rapidamente desse caipirismo no falar por influência dos italianos, daí o sotaque italianado,tipo "orra, meu"!!!!!! Aqui pelo interior, a região de Piracicaba, que engloba Limeira e adjacências tem uma fama cruel. Esse R é bem acentuado, principalmente entre pessoas de baixa escolaridade, entre os mais antigos, entre aqueles que não sofreram influência das migrações. Com a pronúncia acaipirada vem também as variantes linguísticas: "carcanhá" para "calcanhar", "bicoro" para "bico" e por aí vai.
No hino do XV de Novembro de Piracicaba existe muito folclore. A região tem uma alta produção de cana de açúcar e com isso havia uma enormidade de pessoas simples, que viviam do corte da cana, os famosos "pé vermeio" em alusão aos pés sujos da terra vermelho vivo que é característica da região.
O time surgiu em 1913 e subiu para a primeira divisão em 1949. Então um jornlaista de São Paulo criou uma figura caricaturesca símbolo para o time: "Nho Quim" equivalente a Senhor Quinze , que representava o interiorzão de Sampa.
Daí a se criar um hino com o falar próprio não demorou muito. A verdade é que esse hino que roda de boca em boca não consta na história do clube.Existe um hino oficial. Esse é o "do coração" mesmo! Mas que é popular, é inegável.
Termos como "cáxara de forfe", "cúspere de grilo","ásara de barata"eram apelidos usados pelos trabalhadores rurais na rotina do corte de cana....
Mas tem um diálogo famoso também entre um barbeiro e um freguês:
- "Arco o tarco, patrão?"(álcool ou talco?)
- "Verva"! (Aqua Velva - pós barba famoso na década de 60)
Como se vê, Piracicaba é uma cidade belíssima, tem das melhores universidades do país - Agronomia Luís de Queiroz - USP, Odontologia - Unicamp, Unimep e outras menores , com um riquíssimo centro cultural e alto poder aquisitivo. Mas o folclore permanece e ainda é possível se encontrar quem diga: "Oceis é de Limera ou de Bate Pau?"
vera

domingo, 4 de julho de 2010

no cotidiano

Imagem em: mastersuno.blogspot.com

De vez em quando tenho uns ataques de Amélia, mulher de verdade (aquela que lavava, cozinhava e nada reclamava, lembram?).Pois é, mas eu reclamo. E para não ficar uma pessoa insuportável nestes momentos de horário doméstico tenho uma ajudante, que há anos me suporta.
Durante uma conversa  com ela ontem, usei uma palavra que me levou imediatamente aos usos que fazemos das palavras:

-Num esquece de passá sapólio na pia da cozinha, porque ela está "cracachenta". 

Fiquei pensando nas inúmeras vezes que já ouvi pessoas de minha família usarem a palavra  cracachenta. Tantas vezes, que pensei ser  parte do mineirês.
Fui procurar no São Google, porque nos inúmeros dicionários on line, a  palavra não existe !!!!

Encontrei caracachenta.Com o mesmo sentido que sempre usamos por aqui: coisa áspera.
E,para  minha surpresa descobri que é uma palavra muito usada no Espirito Santo. Talvez as idas e vindas dos tropeiros mineiros tenham trazido o caracachenta em suas mulas.
Mas, por aqui, ela já  é cracachenta  mesmo, tornando-se portanto, uma variante linguística, mesmo que os dicionários não saibam disto !!

Ah, encontrei o uso do caracachenta, neste texto divertido: Você sabe falar usinês?

quinta-feira, 1 de julho de 2010

VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS NA ORALIDADE

Acho importantíssimo preservarmos a oralidade até porque ela é uma característica da regionalidade. E essa característica regional vem se perdendo ao longo do tempo pela influência dos migrantes. Em São Paulo, por exemplo, tivemos e temos até hoje muitos imigrantes que ajudaram a transformar o vocabulário do paulista.
Em 1972, meu último ano de faculdade aqui na PUC Campinas tivemos que fazer um trabalho de campo no Vale do Paraíba. Cada dupla de alunos cobria duas cidades. As nossas foram Natividade da Serra, que pouco tempo depois foi inundada pela barragem e foi reconstruída em outro lugar e São Luís do Paraitinga. Saíamos pela manhã, gravador a tiracolo e conversávamos com crianças, participávamos das brincadeiras: pique-esconde, ana mula. E também conversávamos com os mais velhos: tudo gravado e transcrito foneticamente e fotografado também. Foi um registro maravilhoso de uma região que, na época, tinha características muito diversas dos falares do lado de cá de São Paulo ( região de Campinas). Infelizmente na época fizemos o trabalho que foi para o livro que a professora estava escrevendo e acabamos perdendo os frutos desse trabalho. Mas, nosso país, do tamanho que é, com tanta diversidade cultural tem um material riquíssimo que vai ilustrar esse blog de uma maneira muito profícua.
Os causos dos pescadores que a Juliana publicou são ,sem dúvida, um material riquíssimo.Mas deixa estar que por aqui, na região de Piracicaba também temos falares regionais que tornaram a cidade famosa Brasil a fora!!!!O hino do XV de Piracicaba ( time de futebol) é famoso:
"Caxara de forfe, cúspere de grilo,bícoro de pato,
XV,XV,XV
Ásara de barata, nheque de portera,já que tá que fique,
XV,XV,XV
Veio numa kombi véia, sem óio de breque, de ócro raibã
XV,XV,XV
Carcanhá de bode, tocêra de grama, já que tá que fique,
XV,XV,XV"
para desespero dos piracicabanos, a quem respeito muito!
vera

PELA PRESERVAÇÃO DA ORALIDADE

Em vários cantos desse imenso país é possível encontramos uma variedade bastante diversificada em termos culturais. São riquezas bem distintas que fascinam a tod@s que a elas passam a ter acesso. Muitas vezes, há semelhanças, mas cada cantinho trás na sua essência algo que o faz especial: a língua falada.
Enfatizo a questão da língua falada, pois por mais diferente que seja o lugar, ao escreverem , o que normalmente expressariam por meio da fala, o registro disso vem meio que "mascarado", pois normalmente, costuma-se respeitar a linguagem conhecida como "culta". Porque raramente as pessoas escrevem da forma que falam. Até existe muitos aspectos da oralidade na escrita e vice-versa, mas é preciso se ter clareza que há uma diferença bastante significativa entre uma e outra.
Diante dessa questão bastante distinta envolvendo a língua, e lembrando-me de toda riqueza cultural que permeia o nosso país estrada fora, recordei-me de uma figura bastante significativa, e que está presente em muitas das mais diversificadas regiões desse país: o pescador.
Existe figura mais representativa da linguagem oral do que essa? Quem nunca ouviu, pessoalmente ou ficou sabendo por um amigo ou parente, de um caso ou "causo" de pescador?
Eu já ouvi muitos e quero continuar ouvindo outros tantos, pois é esse tipo de figura, presente em nossa cultura, que nos faz perceber que embora exista uma língua culta, padrão, não se pode desprezar a riqueza de algo, que segundo os estudiosos da área vem muito antes que do registro da língua escrita:  a oralidade.



E é em homenagem a essa figura tão significativa, culturalmente faland,o que o portal KALUA está promovendo 2º CONCURSO NACIONAL DE CAUSOS DE PESCADOR. Abaixo segue maiores detalhes sobre o assunto:
CASO ou CAUSO é uma narrativa de acontecimento inusitado (incomum, insólito, estranho; inabitual) ocorrido com uma pessoa, que pode ser o próprio narrador. O acontecimento pode também ter sido presenciado ou recontado a ele. O texto (oral ou escrito) vem enfeitado pela fantasia do narrador, chegando, por vezes, às raias do absurdo, inclusive com a intervenção de entidades sobrenaturais.

O PORTAL KALUA DE PESCA ESPORTIVA tem o prazer de convidar à participação neste concurso nacional, oferecendo vários prêmios aos cinco primeiro colocados. Conte a lorota, estique a mentira, imagine o inimaginável, pois é assim mesmo que os causos são construídos!

INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES

de onde vêm as palavras?

Jane Tanner
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clube da imaginação - de onde vêm as palavras?
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As palavras vêm da varinha mágica que é a língua.

As palavras vêm da sopa.
As palavras vêm dos sons que ouvimos quando estamos com os nossos amigos.
Há palavras quentinhas, acabadinhas de sair do forno.
Se a caneta não escrever, as palavras saem pelas mãos.
As palavras vêm da lua de Inverno.
As palavras são muito tímidas e quando querem sair de casa, vão pela chaminé.
As palavras vêm do coração.
As palavras vêm da palavra “palavra”.
As palavras vêm do fogo, quando o acendemos, as palavras queimam-se e saem, iluminadas.
É da imaginação que vêm as melhores palavras.
Se fosse uma prenda com palavras más, eu não a abria.
As palavras vêm de Homero porque os poetas têm muita sabedoria.
As palavras vêm nas nuvens brancas.
Quando dizemos a palavra errada ela desaparece.
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Ana, Ana Rita, João L., João R., Carina, Adriana, Pedro, Alexandre, Inês (10 e 11 anos)
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Encontrei esse texto no blog AR LÍQUIDO 3

AS PALAVRAS



São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade

quarta-feira, 30 de junho de 2010

PORTUGUÊS.......

baianês......cearês.....mineirês....internetês......
A língua culta que aprendemos, que encontramos nos livros, nos jornais é tão diferente da que usamos no dia a dia que, muitas vezes, fica difícil para alguns identificar alguns termos.
A qualidade da educação no Brasil tem caído, afirmam N pesquisas feitas por N instituições através de avaliações externas às escolas. E muita gente afirma que o drama se deve à dificuldade de interpretação das questões por parte dos alunos.
Aí os professores são questionados:"Por que não ensinam os alunos?"
E eles se defendem:"Ensinar, bem que tentamos, mas diante do uso indiscriminado de expressões como "vc","td","tb","blz" fruto de uma simplificação exagerada trazida pela internet, fica difícil levar o jovem a ler e escrever como manda o figurino ou as boas gramáticas!"
E é aí que se encontra nosso desafio de professor: não ignorar o que rola na internet pra não ficarmos à margem da modernidade, mas ganhar o aluno para que ele utilize a norma culta pelo menos naquilo que escreve na escola.
Se a pesquisa for mais a fundo é bem capaz que encontremos no mineirês a origem do internetês: "oncovô?"
vera

terça-feira, 29 de junho de 2010

Erro ou inadequação?

Costumo dizer aos meus alunos que determinados usos considerados tradicionalmente errados na educação formal, são apenas pequenas inadequações em determinadas situações, mas que podem ser adequadas em outras.

O povo é extremamente inteligente e preza pela economia vocabular e pela clareza na comunicação.

Por que "eu te amo" estaria errado, quando se usa junto o pronome "você"? Por exemplo: "Eu te amo. Você é a luz de minha vida."

Se o falante optasse pelo pronome oblíquo "o" ou "a", no lugar de "te", dependendo da entonação e até completar a frase, poderia gerar a dúvida no interlocutor: "ama quem?! A mim ou ao outro?"
Ao dizer, "eu te amo" não pode haver dúvida. Refere-se apenas à pessoa com que se fala. Por isso, os cariocas, que usam prioritariamente o pronome de segunda pessoa "você" para se dirigir ao interlocutor, associam esses pronomes (você, te) provindos de "famílias" distintas.

Falando em bom brasileiro

Eu vi ela. Assim se fala, assim não se escreve.

No podcast Estúdio CH dessa semana, o linguista Mário Perini explica por que considera a língua falada como o verdadeiro português ‘brasileiro’ e conta sobre a gramática que escreveu, dedicada ao linguajar que está na boca do povo.



Interessante conversa para começar esse blog, não é?